29 julho 2011

1 mês de Santiago.

Hoje faz um mês que estou em Santiago, e nunca postei sobre o que rola aqui. Eu poderia sair falando de todas as diferenças culturais em relação ao Brasil (que existem, são numerosas, mas não tão impactantes) neste post, mas não quero esgotar o tema.
Quando o avião acabou de pousar no aeroporto eu já tive um vislumbre de que as coisas aqui não eram tão diferentes. Ao longe, em algum ponto do aeroporto, estava o logo da Petrobras. Saindo do avião, a caminho da imigração, uma propaganda da Claro. Saindo do aeroporto, indo para onde eu ficaria por um dia, vi a noite em uma cidade bonita, com calçadas largas, algumas delas com espaço para ciclistas, mais arborizada - como um bairro nobre de São Paulo.
Até aquele momento eu falava portunhol. Tudo o que estudei por conta própria não era páreo para o espanhol chileno, que é rápido, com diversas expressões locais e ainda falado sem algumas letras. Na imigração, quando achei que teria que soltar o verbo, só falei um "gracias", porque o cara só me falou "hola" e "listo". No carro, fui falando mais, mas a cada três palavras pedindo pros caras que foram me buscar repetir o que diziam.
A noite era fria, e dentro da casa para a qual fui havia um aquecedor. A casa parecia estar num bairro de periferia, pois as ruas eram escuras, pequenas, e as casas humildes. Porém, no dia seguinte descobri que ficava ao lado de uma estação de metrô, e que há muitas estações de metrô em Santiago e que aquele bairro na verdade era um dos próximos do centro.
A casa na qual estava por aquele dia era uma na qual moravam 11 estrangeiros. No dia seguinte eu estava vendo televisão na sala com 2 americanos, 1 chileno e uma chinesa, e os outros colombianos, finlandeses e alemães já estavam no trabalho.
Eu conheci São Paulo andando, e queria fazer o mesmo aqui em Santiago. Porém, estava muito frio e chovendo, e eu não tinha um guarda-chuva (aqui, "paraguas"). Pus uma blusa impermeável e fui conhecer o metrô. Para isso comprei um Bip!, o Bilhete Único daqui.
E aquela foi a diversão do dia. À noite fui para a AIESEC, acompanhei um processo seletivo de novos membros, me usaram como exemplo do que é o trabalho da AIESEC e eu só respondia com acenos. Depois, me levaram para a casa na qual estou desde então, e fui recebido pela mãe da casa. Me mandou tomar banho e ficou conversando comigo enquanto eu comia a pratada de macarrão que ela me fez. Falava em espanhol devagar, porque já tem experiência em receber estrangeiros.
Fui dormir embaixo de 5 cobertores, e com tanto frio hibernei por quase 12 horas. Quando acordei, a mãe da casa me disse para ter cuidado ao andar por Santiago, porque havia um protesto estudantil. Saí correndo para ir ver o protesto, e tive meu primeiro contato com... gás lacrimogêneo. Comi um completo (um cachorro-quente com repolho, tomate picado e molho) e fui conhecer outros lugares.
Voltei para casa à noite e havia dois holandeses jantando com os pais da casa. A mãe me trouxe uma pratada de... carne. Como eu não havia dito que não gostava, me senti na obrigação de comer.
O dia seguinte foi o primeiro dia de trabalho. Teoricamente. Minha chefa disse que estava muito atarefada e não teria tempo de me receber. Me mandou ir tirar o visto. No fim das contas, fui ver Transformers com um casal (aqui ficar de vela é "tocar el violín"), legendado em espanhol. À noite, pisco (a cachaça daqui) em casa. Com dois copos já fiquei de fogo.
Três dias que resumiram boa parte do que eu veria no meu primeiro mês: mais carne, mais pisco, mais completo, mais gás lacrimogêneo...