27 novembro 2008

Posts descritivos.

Há muito tempo eu queria postar sobre aquiiilo, mas o acesso a computadores tem sido bem difícil e sequer uma caneta eu tinha para escrever um post. Agora eu tenho, então bora.
Quase que eu não vim. Fiz a entrevista no consulado para obter o visto num dia em que tentaram fraudar documentos, então passaram todos os entrevistados do dia num pente fino. Eu creio que isso tenha acontecido para enrolarem tanto para entregar meu passaporte. Mesmo. Eu estava com ele na mão faltando pouco mais de uma hora pra terminar o check-in para o vôo. Peguei carona com pessoas que também estavam correndo atrás de passaporte, na central dos Correios, na casa do cac*te, para o aeroporto. Nem voltei pra casa pra tomar banho, fiz minhas malas pelo telefone, entrei correndo literalmente no aeroporto, fiz check-in, abraço na família, tchau, embarque. O vôo durava 9h30 e eu não sabia porque tem uma diferença de 3 horas entre a região na qual eu estou e o horário de Brasília. "Peguei emprestado" um Dramin com uma mina pra "curtir" o vôo. Fiquei as 9h30 sentado, dormindo ou entrando na vibe dos americanos.
Quando chegamos em Atlanta (de modo turbulento), saí do avião e putz, estava mais frio do que eu já tinha sentido antes. O blazer que eu estava vestindo congelou inteiro por dentro. Pelo menos dentro do aeroporto era aquecido. E que aeroporto. Ele é tão grande que TEM UMA LINHA DE METRÔ DENTRO DELE, tipo, só pra ele. EU PEGUEI METRÔ pra ir de onde eu desembarquei pra onde eu faria conexão. E aquele lugar era tão... norte-americano. Guardinhas negões falando inglês, pessoas passando por mim falando inglês, TVs ligadas em canais em inglês, um time de basquete passou por nós, etc. Aquelas máquinas que no Brasil vendem barra de chocolate (ou que vendem livro, no metrô) vendiam fones de ouvido de 450 dólares e iPods. Enfim, outro mundo.
No avião para Orlando eu não estava drogado, então eu fiquei com mais medo. Na decolagem o avião ia pros lados. Aliás, ele estava cheio de pessoas que eram o estereótipo dos norte-americanos. Pelo menos metade deles estava com um BlackBerry. Um estava lendo um livro chamado "Built To Win". A aeromoça tinha cara de megera norte-americana. Todos eles pareciam o Al Gore ou a Martha Stewart. Infelizmente, nesse vôo foi que eu tive a sacação de que eu estava sozinho num país e que eu ficaria mais de 2 meses nele, e também foi aí que eu me senti a pessoa mais sozinha do mundo, achei que tinha dado um passo maior que a perna e que não ia conseguir. Pior ainda, essa sensação aumentou durante o dia.
O avião pousou com um tranco tão forte que um daqueles lugares acima da cabeça de guardar mala de mão escancarou-se. Fomos recebidos pela Disney e levados para o condomínio, e esse foi um dos momentos de choque cultural. A janela do ônibus parecia uma tela de cinema, não um vidro, porque tudo era MUITO norte-americano. Os carros, as rodovias, as placas em inglês, o rádio do ônibus, as pessoas. Mais tarde, quando fui eu e um roomate pro Wal-Mart, o choque foi maior ainda. O conteúdo das prateleiras é tão diferente, assim como os preços. Pelos corredores vão norte-americanos obesos mórbidos em carrinhos elétricos, muito mais hispânicos do que eu imaginava, e muito mais brasileiros, também, isso sem contar os da Disney. Tem muita, muita tranqueira à venda, e da boa. Eu comprei um pacote gigante de nachos e quase um quilo de molho de tomate com pedaços de outras coisas. Comprei aqui meu primeiro Haagen-Dazs, quase meio litro por 3 dólares. Um creme de barbear que no Brasil é 20 conto paguei US$ 2,50. Comprei outro dia 12 donuts por 4 dólares e dividi a conta com um cara do condomínio. 24 latas de Coca-Cola, 5 dólares. Em compensação, paguei 68 cents numa cebola, mais de um dólar numa alface, 5 dólares num adaptador de tomada, quase 7 dólares num Big Mac. Esse Big mac, em compensação, era num McDonald's open bar de refri, de café, de ketchup, mustard, hot mustard, barbecue e s+s, um molho meio doce. No meu último dia aqui eu vou pro Mc com uma garrafa de 2 litros pra encher de molho barbecue, porque é MUITO gostoso.
Voltando para o primeiro dia, chegamos no condomínio com a chave do nosso quarto na mão. Cheguei no meu quarto e já tinha dois roomates, os dois gente boa, brasileiros e paulistanos. Teve gente que caiu com 5 chineses ou 2 colombianos e outras combinações. Esse intercâmbio cultural é até legal, mas traz inconvenientes tão... inconvenientes que faz perder a graça, como uma mina que mora com chinesas porcas que deixam a cozinha fedendo depois de fazer as comidas tradicionais delas, o cara que caiu com 2 mexicanos que comem no McDonald's e deixam o pacote das coisas lá jogado no chão, etc. Aliás, todas as pessoas que eu conheci até agora e com quem eu fiz amizade são brasileiras. Encontrar brasileiro é tão legal =]! Andando na rua, quando dois brasileiros se ouvem conversando, na hora já puxa assunto um com o outro, e nos parques também. Todo mundo que trabalha na Disney tem uma nametag, um troço que vai no peito com o nosso nome e de onde nós somos, aí os brasileiros já vem superfelizes conversar com a gente.
Voltando pros roomates, o que chegou por último ficou menos de uma semana no quarto, mudou-se, entrou no lugar dele um que é primo de um que já estava aqui. Todos os meus roomates são limpos e organizados, grazadeus, porque a Disney passa uma inspeção agendada e outra aleatória nos quartos e se estiver sujo tem multa. Ontem eu derrubei bolo no carpete e fiquei morto de medo de sujar e nunca mais sair a mancha. O que eu fiz foi espalhar a mancha de modo que ela desaparecesse no carpete, e ficou perfeito!
Esse bolo, inclusive, foi o roomate primo do primeiro que fez de dia de Ação de Graças. By the way, nossa alimentação é um lixo. Meu pai pôs uns 30 Miojos na minha mala e isso me poupou de comer o lixo supremo que todos comem aqui, uma comida congelada chamada Michelinas. Dá desgosto de ver, mas é a coisa mais barata aqui, perto de 1 dólar. Tenho vivido de salada com muito, muito molho, Miojo, pão de fôrma com manteiga "roubada" do avião ou de qualquer lugar que seja "open" de sachê (quando vamos pra esses lugares enchemos o bolso de sachê de sal, açúcar, etc., pra não precisar gastar com isso) e de Centrum genérico (chama Equate). Comprei 300 cápsulas por 8 dólares, e por muitos dias isso foi meu café da manhã.
Falar em café da manhã me lembra dos meus horários insanos de trabalho, mas pra não esgotar o assunto, do trabalho eu falo no próximo post. Eu espero que toda essa narração da viagem seja não só divertido pra quando eu ler no futuro, mas útil pra quem quer ser cast member ou pra quem quer viajar pro exterior.
Hope you enjoy it. I miss everybody from Brazil, every little person.

Sincerely yours,
Arthur!

7 comentários:

Bruna ℓ. disse...

Impossível de não comentar, mesmo voce tendo ido viajar bravo comigo. Coisa que aliás, já deve ter passado. hehe
Bom, eu nem imagino o choque cultural que voce deve ter sentido. Ou melhor, imagino, mas deve ser bizarro sentir isso. Pra variar, adorei seu post e espero ter notícias de como as coisas vão por aí. Não é fácil mesmo e qualquer coisa tamos aí. Eu sei que teríamos que pagar DDI e não dá pra marcar de se encontrar no metrô Tatuapé, mas tamos aí mesmo. Com ou sem fuso horário. rs. Pra finalizar, queria dizer duas coisas: uma é que eu te desejo muuuuuuuita sorte (como voce já teve como os seus roomates brasucas) e que voce se divirta e aprenda muito aí e outra é peloamordeDeus pra voce entrar em qualquer site de receitas e começar a se arriscar na cozinha. Não me vai voltar com pressão alta e outras cositas más. rs. Ah! Traz um Haagen-Dazs pra mim! =p

Saudades também!
Kisses and hugs.

Anônimo disse...

E ai TuTZ! Mamis e Vick lendo o post! Qntas aventuras hein! Mamãe tem uns toques: Café da manha decente, pode ser Sustagem, comper ai, tem de vários sabores, é tipo um shake e bem nutritivo, fazer arroz, c/ctz fika mais barato doke comprar comida pronta, ate pq vc usará pouco oleo, cebola, alho.... e vc tem a opção de por um tempero pronto no lugar do alho e da cebola (caaaarraaa cebola), oq ai deve ser MTO barato, afinal é bem processado. Eu, Vick, estou na iminencia de começar a trabalhar, tenho entrevista marcada pro dia 01, segunda feira.
Vc esta c/ sdds? Nos estamos morrendo! E tutz, vc etm que voltar, ser filha unica num rola...
Mamis - fiquei feliz de saber q vc nao quer mais morar ai ilegalmente, so por essa constatação a viagem ta valendo!

É isso ai filho/tutz, aprensa o max. ai, e lembre-se cozinhar não mata, nem doi...mandaremos umas receitas simples por e-mail. Aguarde!

beijos, se cuide

Anônimo disse...

Paizão do Artur, estou muito feliz em saber que tudo correu bem apesar da correria, mais ainda porque vc esta curtindo o Word Americano, com suas inconveniencias, claro, pois nem tudo e perfeito, porem na vida tudo e valido, principalmente uma experiencia como esta, vc e meu filhao, mt fd., em tempo o tricolor paulista pode ser campeão este final de semana, siga este exemplo do meu São Paulo Futebol Clube, algumas coisas são para poucos, bjs. com saudades, mas ta tudo ok.

Anônimo disse...

só pra avisar que o são paulo ainda não foi campeão hoje, pois empatou com o fluminense (ou flamengo) enfim, a decisão do brasileirão sera fds q vem.

então, tutz.... eu quero saber o que é hageen daz.... e meuuuu, barbecue eh tudo de bom.

noviddes pedagogicas: o caique fez seu ultimo p sabado, mas amarelou! não fez nada de interessante! nenhuma promessa de ultimo p. e nos demos várias idéias!

ah! outra novidade: acho que eu vou me mudar! depois te conto os detalhes. ah! e estou ajudando os dependentes de drogas! haeuhaeueu finalmente começou tá tão legal. e agora eu não preciso mais ser tãoooo mercenária assim, já tenho um dinheirinho garantido.

a eca junior demorou um século pra pagar aquele megacase, mas parece que vai pagar amanha nosso prêmio. ano que vem não quero saber, vc vai ser da minha equipe!

e eu ainda nao entendi o que eh a pessoa que vc falou que eh patty p da vida, e estou megacuriosa.

Fique bem por aí que nos continuamos na mesma aqui....

meu, faz arroz, faz a diferença! e eu não sei se vc sabe, se não souber, aprende a fazer um macarrãozinho, não é dificil e fica bom com salsicha, hamburguer, qualquer coisa!!!


Arthur, saudades de vc!!!!!
Eu estou sempre com vc, saiba disso! e se precisar passar o nome de alguém pra referência de endereço... tá ligado, neh!
hehehehe

beeeeijoooo

Anônimo disse...

lindinho!

rs

Bruna ℓ. disse...

** Experimenta o Haagen-Dazs de Strawberry Cheesecake, é o melhor!

** Quanto a cozinhar, entra no Youtube e procura "Cozinha do Auê" (ou não, se voce não quiser ter dor de barriga! rs... mas vale pelas risadas!).


Beijos. =*

Anônimo disse...

E aí Tutz, rapaz corajoso...! Aguentar os americanos em filmes já um um horror, imagine aí, pessoalmente, 24hs por dia...! Olha, cozinhar não sei se vc vai aprender, mas fazer faxina já deve estar tirando de letra, né? O que vc comprou de bom na superpromoção do dia de Ação de Graças? Valeu a pena ficar de madrugada na fila? Prá ficar entre os 100 primeiros é preciso virar a noite, pelo jeito! Puxa, o preço da cebola aí é absurdo! Qdo vc chegar ao Brasil vai até chorar de tanto comer as danadas, pq aí não dá pra comprar não!
Olha, ficamos orgulhosas com um sobrinho cheio de iniciativa e coragem como vc, Tutz! Essa experiência vai valer pra toda a sua vida. É algo que só se adquire assim mesmo, metendo as caras!
É muito legal vc escrever sobre as primeiras impressões. Deu para sacar o impacto(aliás,vc descreveu muito bem). Nós rimos pra caramba, mas conseguimos entender o lado "desesperador" da coisa também!
Parabéns pela sua iniciativa. Quem sabe vc escreva um livro quando voltar (bem americano isto, rsrsrsrs. Olha a influência, hein! Será que vc vai voltar com sotaque?
E quanto ao fuso horário, já se acostumou?
Escreva mais, Tutz. Temos curiosidade em saber como é a rotina de um dia de trabalho aí. Tem horário de almoço? E lazer (vc pode brincar de graça no Parque? Enfim, queremos participar um pouquinho desta aventura!
Beijos!!! Gô/Jô/Rô